“Consagro-vos, pois, ó minha Rainha, a minha mente para que pense sempre no amor que mereceis; minha língua, para louvar-vos; meu coração, para amar-vos. Aceitai, ó Santíssima Virgem, a oferta que vos apresenta este mísero pecador. Aceitai-a, eu vos rogo, por aquela consolação que sentiu o vosso coração, quando no templo vos destes a Deus…
Ó Mãe de misericórdia, ajudai com vossa poderosa intercessão, a minha fraqueza, e impetrai-me do vosso Jesus a perseverança e a fortaleza para ser-vos fiel até a morte, a fim de que, servindo-vos sempre nesta vida, possa depois ir louvar-vos eternamente no Paraíso.” (Santo Afonso M. de Ligório, As glórias de Maria II, 1, 3)
A celebração litúrgica dessa festa, remonta ao século VI no Oriente e ao século XIV no Ocidente: se recorda a consagração da Igreja de Santa Maria a Nova, construída ao lado do Templo de Jerusalém, para comemorar a doação que Maria fez de si mesma ao Senhor, antiga tradição atestada pelo protoevangelho de Tiago. A Igreja não quis acolher os contos apócrifos que imaginam Maria no Templo, desde a idade de três anos, consagrada a Deus com voto de virgindade; aceita, porém, a essência da festa: isso é, a primeira vez que Maria se doa ao Senhor, amando-O “com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças” (Dt 6,5), se tornando assim, modelo de toda alma que se consagra ao Senhor.
Desde o início de sua existência, Maria foi a “serva do Senhor” (Lc 1,38). A resposta ao Anjo da Anunciação exprimia um comportamento vivido desde muito tempo. Maria, filha eleita da estirpe de Israel, sempre viveu em um diálogo contínuo com o seu Pai Deus, na intimidade do seu ânimo. Hoje é a festa da pertença total da Virgem a Deus e de sua plena doação aos planos divinos, Ela nunca negou nada a Deus, e a sua correspondência às graças e às moções do Espírito Santo foi sempre plena. Nossa Senhora se dedicou inteiramente a Deus, talvez o fez desde a idade na qual as crianças começam a ter o uso da razão, sempre consciente que Deus não aceita um coração dividido, mas o quer todo consagrado ao seu amor.
Essa festa pode ser uma boa ocasião – todos os dias o são – para renovar a nossa doação a Deus em meio as atividades normais quotidianas, ali aonde Ele nos quis.
Do Catecismo da Igreja Católica n. 511
“A Virgem Maria ‘cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens’. Pronunciou o seu ‘fiat’ – faça-se – ‘loco totius humanae naturae – em vez de toda a humanidade’: pela sua obediência, tornou-se a nova Eva, mãe dos vivos.”
Da Palavra de Deus
“Eis minha mãe e os meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, irmã e mãe.” (Mc 3, 35)